29 de mai. de 2011

Suposta vida moderna



 


Foi-se o tempo da educação.

Foi-se o tempo de olhar para o lado.

Foi-se o tempo do querer o bem.

Vemos, de camarote, as famílias desaparecendo, se dissolvendo.

Filhos se distanciando dos pais, em meio ao desrespeito e ao egoísmo.

Vemos a terceirização da educação. Esta, "elaborada" e ensinada por algum desconhecido que possui algum diploma e é pago para fazer isso como profissão por alguma escola em meio a um quarteirão abandonado nesta imensidão de mundo, que tem como objetivo principal o ganho financeiro.

Pagamos para educar nossos filhos.

Pagamos por uma comida que nos envenena.

Pagamos para ter um tempo para nos mesmos.

Pagamos para ter saúde.

Pagamos para conversar com terapeutas sobre o que somos.

Pagamos para viver a nossa vida.

Vivemos em um mundo ridiculamente deslumbrado, infeliz e vazio.

Fingimos que está tudo bem, em meio a grandes estoques de antidepressivos.

Levantamos cedo para trabalhar e nem pregamos os olhos à noite toda.

Sorrimos por fora. Choramos por dentro.

Cantamos por fora. Lamentamos por dentro.

Estamos prester a ver nossos sonhos mais íntimos virarem peças de museu.

Daqui a alguns anos veremos famílias sendo peças de museu.

E concordamos com tudo.

Passivamente.

Paralisados.

Imobilizados.

Com o coração apertado.

E não fazemos nada.

Não sabemos de onde tirar forças para dar o primeiro passo.

E, acabamos, por compactuar com o nosso próprio extermínio.

Entregamos nosso coração, nossos princípios, nossos sentimentos mais puros, nossos sonhos, nossa integridade, nossa índole e nossas opiniões em uma bandeja para que se faça o que quiserem com eles.






Nós deixamos. Nós aceitamos.

Salve a concordância ignorantemente cega.

Salve o desrespeito ao próximo.

Salve a ignorância opcional.

Novos tempos.

Final dos tempos.