19 de mar. de 2011

Lado B da Geração Y


 
Já faz algum tempo que tenho visto e lido muito sobre uma tal Geração Y. Geração, esta, formada por jovens nascidos após a década de oitenta e que estão chegando à vida adulta e, conseqüentemente, ao mercado de trabalho, influenciando a dinâmica atual das empresas e, em escla macro, o mundo em que vivemos.
São matérias, livros, textos e estudos que tentam explicar como tais jovens influenciam a dinâmica atual das empresas e, em escala macro, o mundo em que vivemos.
São inúmeras teorias, são inúmeros psicólogos, empresários, médicos e profissionais do mais vasto leque de especialidades que estudam, observam e desenvolvem teorias acerca do tema.
Como adoro ler, independente do assunto, acabo me deparando, muitas vezes, com algum material em minhas mãos sobre os “jovens Y”.
Todos enumeram diversas características desses jovens, assim como seus hábitos e valores.
Todos com enfoque empresarial. Voltado para o mercado de trabalho.
Entendo que esta denominação “Geração Y” foi e, ainda, é amplamente divulgada exatamente para este mercado, o profissional. Mas, o que não podemos esquecer é que por de trás deste rótulo, existem jovens, que possuem vida própria, família e amigos.
Não vejo muito material a respeito disso.
Uma pena.
Esta geração, também conhecida como Geração da Internet, cresceu em meio a grandes avanços tecnológicos e econômicos, se comparado às gerações anteriores.
Mas, nem tudo são flores. Existem aspectos mais importantes a serem analisados.
Tenho mais de 30 anos. Acredito que fui da última geração a brincar nas ruas, a andar de bicicleta por diversão e não por obrigação de atividade física.
Escrevi com máquina de escrever e também com os "primeiros Apples" que surgiam.
Também me diverti com Atari, com Gemini, ouvi LP em aparelhos três em um e me deparei com os primeiros aparelhos de CD que surgiam.
Brincava de pega-pega, de esconde-esconde, assistia ótimos programas na TV Cultura e era frequentadora assídua de locadoras de fitas VHS.
Não se falava em gordura trans, nem em colesterol.
Caráter era algo intrínseco ao ser humano e não uma qualidade. Era obrigação e não uma opção, estilo de vida.
Pais estavam sempre presentes, mesmo trabalhando fora.
Acredito que tenha sido de uma geração intermediária. Tinha um pé no antigo e olhar no novo. No que era novo para a época.
E, talvez, por isso, consiga observar tudo com mais naturalidade. Sem muita teoria e mais vivência.
Hoje em dia, vemos que as empresas procuram jovens profissionais empreendedores, com iniciativa, com um currículo impecável, com graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado, que falem mais de dois idiomas, que possuam vastas experiências profissionais (?) e, também, internacionais. Um profissional impecável.
É. Um profissional impecável com vinte e poucos anos.
Este profissional de vinte e poucos anos, é um garoto assustado, carente, muitas vezes infeliz, frustrado, que busca fazer o que, supostamente, garantirá seu futuro, seu sustento.
Mas, garantirá sua felicidade?
Embora sejam jovens capazes, na grande maioria das vezes, estão, perdidos, mal orientados, sem saber o que realmente querem para sua vida. O que os faz felizes.
Afinal, estes jovens cresceram ouvindo o que tinham para fazer para que conseguissem o emprego x ou y. Eram atividades infinitas que garantiriam o sucesso profissional, quando eles nem sabiam o que isto significava.
Pais, muitas vezes ausentes (fisicamente e/ou emocionalmente), compensavam isso com inúmeros presentes, viagens e passeios. Não sabiam dizer não.
Não queriam passar a imagem de pais chatos. Era melhor ser negligente do que chato.
Crianças mimadas cresceram cercadas de informações e sem terem quem os orientassem sobre o que fazer com elas.

Crianças que cresceram tendo tudo de forma mais fácil.

Crianças que tornaram-se adolescentes intolerantes e irresponsáveis, amparados pela psicologia moderna em que tudo pode, para não gerar grandes traumas.

Adolescentes que podem fazer de tudo, sem ter de respeitar ninguém.

Adolescentes que crescem.

Adolescentes que viram jovens, que viram adultos.

Que vão para o exigente mercado de trabalho.

Mercado de trabalho, este, que exige de adultos infantis, imaturos postura confiante e agressiva.

Mercado de trabalho insensível, que explora a fragilidade dos profissionais, visando retorno próprio, com a desculpa de desenvolvimento profissional e garantindo retorno financeiro, para suprir vazios imensos e lacunas emocionais pré-existentes.

Ótimos profissionais por fora. Seres humanos, muitas vezes, fracos, inseguros e carentes por dentro, que na cegueira da ambição e da suposta e criada realização profissional, e até pessoal, se submetem, na sua ignorância, a participar deste teatro de fantoches.

Eis o lado B desta Geração Y.



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Quer ler algo interessante sobre a Geração Y? Leia o livro: Geração Y - O nascimento de uma nova versão de líderes, de Sidnei Oliveira.