30 de mar. de 2011

Homem de garra



Um dos 15 filhos de Antônio Gomes da Silva e Dolores Peres Gomes da Silva.

Lutou durante muitos anos contra uma doença cruel, traiçoeira.

Mas que, independentemente do estado em que se encontrava naquele momento, e principalmente nos mais difíceis, sempre apresentava sorriso estampado no rosto, olhos brilhantes e nos presenteava com palavras de esperança.

Uma lição de querer viver. E viveu.

Uma lição de força. Até o último suspiro.

Um exemplo de fé.

Uma linda lição de vida.

Que todos nós tenhamos como inspiração este homem e sigamos o exemplo deste ser humano forte, corajoso, de fé inabalável e que tinha consciência do grande valor da vida.



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Frases de José de Alencar:


"Não tenho medo da morte, porque não sei o que é a morte. A gente não sabe se a morte é melhor ou pior. Eu não quero viver nenhum dia que não possa ser objeto de orgulho. Peço a Deus que não me dê nenhum tempo de vida a mais, a não ser que eu possa me orgulhar dele.”


“[...] É aquela história: seja feita a vontade de Deus em qualquer circunstância. Em qualquer lugar, em qualquer tempo, seja feita a vontade de Deus. Assim você se entrega às mãos de Deus e ganha coragem. Para enfrentar, isso provavelmente seja a principal razão.”


“Não tenho medo da morte, tenho medo da desonra. Por uma razão muito simples: nossos irmãos, nossos amigos, nossa família, nosso pai, nossa mãe, nossos filhos, nossos netos,  nossa esposa. Nós temos pessoas que nos estimam, que acreditam em nós. Se nos comportarmos dignamente, mesmo depois de mortos não teremos morrido para eles. Agora, se não nos comportarmos de forma que possam se orgulhar de nosso comportamento, mesmo em vida teremos morrido.”

28 de mar. de 2011

Um belo discurso

Já tinham me falado da história.

Já tinham me falado dos atores.

Já tinham me falado da direção.

Mas, não conseguíamos assistir o filme.

Várias tentativas frustradas.

Quase optamos pela desistência covarde.

Era o ultimato.

E, conseguimos.

Já era uma grande algria ter, em mãos, aqueles ingressos tão esperados. Afinal, a dificuldade só fez aumentar a curiosidade sobre o trailer.

Mas, mal sabíamos o que realmente nos esperava.

Parecia que estávamos sendo preparados para nos depararmos com tamanha obra-prima.

História real brilhantemente conduzida à tela cinematográfica.

Atores impecáveis.

Atuações dignas da aplausos intermináveis.

Direção delicada.

Fotografia que consegue transparecer todo o clima da época.

Técnicas de filmagem que evocam os sentimentos das personagens.

Linguagem corporal capturada sutilmente pelas lentes.

Humor delicadamente sutil.

Embate de idéias, persepectivas e formações.

Dualidades de comportamentos.

Questões são elencadas.

Problemas são discutidos.

Traumas são desenterrados.

Dores são sentidas.

Medos são demonstrados.

Inseguranças são colocadas à prova.

Amizades improváveis são firmadas. 

Fantasmas do passado e fantasmas do próprio imaginário são enfrentados em uma batalha exaustiva, mas superados, na medida do possível.

Tudo isto circula entre as interpretações brilhantes de Colin Firth, Geoffrey Rush e Helena Bonham Carter.

Olhos, gestos, sorrisos, sem som algum, conseguem demonstrar perfeitamente o que se poderia dizer com palavras. Mas, estas palavras, não teriam a emoção toda que o silêncio, muitas vezes, demonstrou.

Uma obra que nos emociona e nos faz refletir sobre nossos medos, inseguranças. E, assim como no filme Cisne Negro, nos mostra, que nossos maiores inimigos somos nós mesmos. 

Um filme inspirador.

Que nos inspira a querermos mais da vida. 

A enxergá-la por um outro prisma. 

Que nos faz querer viver.

Viver bem.

Plenamente.

Enfrentando nossos medos, nossas angústias, com muita coragem.

Coragem, esta, que, muitas vezes, fica adormecida em algum lugar que esquecemos o caminho.

Não tenha medo de si próprio.

Peça ajuda se precisar.

Converse mais consigo mesmo. 

Se escute.

Escute seu coração.

Descubra mais sobre você. 

Enfrente aquilo que te assusta.

Você verá que o monstro não é tão grande assim.

Você é maior do que ele.

Afinal, ele está dentro de você.


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Serviço:

O discurso do Rei 
Título original: The King's Speech
Inglaterra, Austrália, EUA , 2010 - 118 min.
Drama

Direção: Tom Hooper
Roteiro: David Seidler
Elenco: Colin Firth, Geoffrey Rush, Helena Bonham Carter, Derek Jacobi, Michael Gambon, Guy Pearce, Claire Bloom, Tim Downie, Timothy Spall, Robert Portal, Richard Dixon, Paul Trussell, Adrian Scarborough, Andrew Havill, Charles Armstrong, Roger Hammond.

27 de mar. de 2011

Eu

Sou uma pessoa que está...

Mais feliz.

Mais tranqüila.

Mais atenta aos pequenos (e fundamentais) detalhes.

Menos exigente (consigo e com os outros).

Mais consciente do que quer (e, principalmente, do que não quer).

Que se respeita e respeita os demais.

Que aprende com as diferenças.

Que descobriu ser uma pessoa interessante, mas não muito sociável.

Que ri mais, muito mais.

Que vive mais e julga menos.

Que se permite mudar de idéia no meio do caminho. Aliás, que se permite não só mudar de idéia, mas mudar o próprio caminho.

Que permite que os pensamentos, as palavras e os atos sejam mais livres e espontâneos.

Que vê nos pequenos problemas, grandes oportunidades.

Que cultiva as antigas, importantes e queridas amizades.

Que sabe valorizar cada pessoa que passou pela sua vida. E que não mede sua importância pelo tempo que ficou presente, mas sim pela intensidade da relação, através da qual deixou sua marca tatuada por lá... Para sempre... Contribuindo para a minha evolução.

Que quando se decepciona com uma pessoa, sabe que foi porque esperava mais do que ela poderia ou tinha condições de dar.

Que está aprendendo a aceitar o erro.

Que está aprendendo a comemorar cada acerto.

Que se permite sonhar...

Sonhar muito e sem fronteiras...

Que aprendeu a cultivar lembranças... Mas, sem nostalgia. Pois, o olhar nostálgico invalida o presente.

Que acredita que tudo vem ao seu tempo...

E que está, tijolo por tijolo, construindo um final feliz!

Muito feliz!!!


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"Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais.
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe...
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei, eu nada sei..."
(Almir Sater e Renato Teixeira )



"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música."
(Friedrich Nietzsche)



"Aprendi com as primaveras a me deixar cortar para poder voltar sempre inteira."
(Cecília Meireles)

Minha vida


Não quero que ela passe em branco.

Quero senti-la.

Quero vivê-la em toda sua intensidade e complexidade.

Ela depende de mim. E, eu, dela.

Devo ser responsável.

Consciente de que cada segundo será escrito, definido por mim.

Tenho consciência disso.

Respeito-a.

Valorizo-a.

O tempo corre. É curto.

Tenho medo de não ser o suficiente. Faço o possível para que seja.

Deixo as bobagens de lado. Me concentro no que interessa.

E o que interessa mora dentro do meu coração.

Ele me guia.

Às vezes, ele me engana. Mas, depois, volto à rota certa.

O caminho é longo. Mas, cheio de paisagens, que me enchem de esperança.

Observo e guardo, em minha lembrança, cada detalhe.

Os detalhes me tornam uma pessoa melhor, me ajudam a evoluir.

Eles escrevem minha vida.

Minha vida. 

Calcada no que interessa.

No que me interessa.

Na felicidade.

Na minha felicidade.

E na felicidade de quem tem importância para mim.



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"Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que se quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.

Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.

Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas.

O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade...''
(Clarice Lispector)


Despedida


Esta semana perdi uma pessoa querida.

Pessoa querida que me estendeu a mão no momento em que mais precisei.

Pessoa querida que foi exemplo de caráter e doação.

Pessoa querida que soube viver a vida intensamente, sempre com bom humor, desapego e distribuindo carinho e atenção.

Pessoa querida que foi embora de forma silenciosa, sem sofrimento aparente.

Pessoa querida que se foi. Mais por escolha própria do que pelas circunstâncias.

Pessoa querida,

Descanse em paz.


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DEUS

"Deus costuma usar a solidão
para nos ensinar sobre a convivência.


Às vezes, usa a raiva,
para que possamos compreender
o infinito valor da paz.

Outras vezes usa o tédio,
quando quer nos mostrar a importância da
aventura e do abandono.

Deus costuma usar o silêncio para nos
ensinar sobre a responsabilidade
do que dizemos.

Às vezes usa o cansaço,
para que possamos compreender
o valor do despertar.

Outras vezes usa doença,
quando quer nos mostrar
a importância da saúde.

Deus costuma usar o fogo, para nos ensinar
sobre água.

Às vezes, usa a terra,
para que possamos compreender o valor do ar.

Outras vezes usa a morte,
quando quer nos mostrar
a importância da vida".
(Fernando Pessoa)

24 de mar. de 2011

Balanço Anual



Embora estejamos em março, achei interessante fazer esta reflexão, para que não deixemos passar o ano em vão e saibamos valorizar cada dia do ano!

Normalmente, no mês de dezembro, mais especificadamente na última semana deste mês, começamos a fazer um balanço de nossas vidas... O que conseguimos realizar, o que conquistamos, quantas promessas cumpridas... Mas, também: o que não conseguimos conquistar ou realizar, os projetos que tiveram de ser adiados, desejos não realizados...

Diante desta situação, para muitos, dá-se início a uma sensação de fracasso, impotência, tristeza, frustração...

Isto nada mais é que um erro que cometemos com nossas vidas: viver para o futuro, como se a verdade estivesse lá na frente... Tão na frente que nunca seríamos capazes de alcançá-la, encontrá-la e conhecê-la.

Vivemos para um futuro que nunca chega, para um dia que nunca existirá.

Vivemos para alcançar objetivos que sempre nos incentiva a não desistir, a lutar incansavelmente. Contudo, quando “chegamos lá” já estamos tão cansados e já nos determinamos a alcançar objetivos mais difíceis e distantes, que as atuais conquistas perdem sua importância, seu valor, tornando-se sem sentido.

É um círculo vicioso. Nunca algo será bom o suficiente. Sempre se quer mais, mais e mais...

Só que “este mais” mora em um lugar desconhecido, chamado futuro, que é infinito, um mistério.

Lutamos para que nosso futuro seja bom. Mas, quando o futuro chega? Aliás, ele chega algum dia? Sim chega! Só que no momento em que ele aparece, lhes damos as costas, ignorando-o, menosprezando-o, passamos por cima dele para conseguirmos chegar no “próximo futuro”.

Não nos damos conta que o presente já foi, algum dia, nosso futuro. Aquele futuro tão desejado, esperado e até temido. Que, agora que chegou perdeu sua importância, seu significado.

Sonhos? São sempre importantes e úteis! Nos fazem lutar, mover-nos em busca de algo. Contudo, é essencial termos em mente que não somos eternos... Temos de nos conscientizar de que tudo que fazemos e alcançamos tem seu valor e que algum dia este foi nosso objetivo, nossa meta!!!

Por isso, devemos continuar sonhando, estabelecendo metas para a vida, mas ao alcançá-las deve-se comemorar, vibrar, sentir orgulho de si! Não viver para um futuro que nunca chegará, para uma verdade que não existe.

Aprender a viver para hoje e por hoje. Viver o agora! Porque o agora é a sua vida!!!

Assim, quando for estabelecer metas, lembre-se da importância que, hoje, elas têm em sua vida, como a concretização das mesmas o faria feliz...

Lembre-se da sensação quando imagina seus objetivos serem alcançados. Nunca esqueça disto! Assim, quando você conseguir, vai comemorar muito!!!

Não viva para o amanhã. Viva agora! Afinal, algum dia você pensou no hoje, como sendo seu tão almejado futuro!

Que você consiga enxergar a vida do jeito que ela é: com seus vários defeitos e inúmeras qualidades!

Que você saiba valorizar cada minutinho!

Que você reconheça o seu valor, a sua importância!

Que aprenda, a cada dia, mais a seu respeito e orgulhe-se do que é!

Que respeite os demais, o que cada um pensa e sente!

Seja feliz.

Busque esta felicidade dentro de você.

Ela está lá. Esperando por você!

Agora? A decisão é sua!


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"Não faças do amanhã o sinônimo de nunca,
nem o ontem te seja o mesmo que nunca mais.
Teus passos ficaram.
Olhes para trás ... Mas vá em frente
pois há muitos que precisam
que chegues para poderem seguir-te."
(Charles Chaplin)


"O que for teu desejo, assim será tua vontade.
O que for tua vontade, assim serão teus atos.
O que forem teus atos, assim será teu destino."
(Deepak Chopra)


"Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta"
(Carl Young)

19 de mar. de 2011

Lado B da Geração Y


 
Já faz algum tempo que tenho visto e lido muito sobre uma tal Geração Y. Geração, esta, formada por jovens nascidos após a década de oitenta e que estão chegando à vida adulta e, conseqüentemente, ao mercado de trabalho, influenciando a dinâmica atual das empresas e, em escla macro, o mundo em que vivemos.
São matérias, livros, textos e estudos que tentam explicar como tais jovens influenciam a dinâmica atual das empresas e, em escala macro, o mundo em que vivemos.
São inúmeras teorias, são inúmeros psicólogos, empresários, médicos e profissionais do mais vasto leque de especialidades que estudam, observam e desenvolvem teorias acerca do tema.
Como adoro ler, independente do assunto, acabo me deparando, muitas vezes, com algum material em minhas mãos sobre os “jovens Y”.
Todos enumeram diversas características desses jovens, assim como seus hábitos e valores.
Todos com enfoque empresarial. Voltado para o mercado de trabalho.
Entendo que esta denominação “Geração Y” foi e, ainda, é amplamente divulgada exatamente para este mercado, o profissional. Mas, o que não podemos esquecer é que por de trás deste rótulo, existem jovens, que possuem vida própria, família e amigos.
Não vejo muito material a respeito disso.
Uma pena.
Esta geração, também conhecida como Geração da Internet, cresceu em meio a grandes avanços tecnológicos e econômicos, se comparado às gerações anteriores.
Mas, nem tudo são flores. Existem aspectos mais importantes a serem analisados.
Tenho mais de 30 anos. Acredito que fui da última geração a brincar nas ruas, a andar de bicicleta por diversão e não por obrigação de atividade física.
Escrevi com máquina de escrever e também com os "primeiros Apples" que surgiam.
Também me diverti com Atari, com Gemini, ouvi LP em aparelhos três em um e me deparei com os primeiros aparelhos de CD que surgiam.
Brincava de pega-pega, de esconde-esconde, assistia ótimos programas na TV Cultura e era frequentadora assídua de locadoras de fitas VHS.
Não se falava em gordura trans, nem em colesterol.
Caráter era algo intrínseco ao ser humano e não uma qualidade. Era obrigação e não uma opção, estilo de vida.
Pais estavam sempre presentes, mesmo trabalhando fora.
Acredito que tenha sido de uma geração intermediária. Tinha um pé no antigo e olhar no novo. No que era novo para a época.
E, talvez, por isso, consiga observar tudo com mais naturalidade. Sem muita teoria e mais vivência.
Hoje em dia, vemos que as empresas procuram jovens profissionais empreendedores, com iniciativa, com um currículo impecável, com graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado, que falem mais de dois idiomas, que possuam vastas experiências profissionais (?) e, também, internacionais. Um profissional impecável.
É. Um profissional impecável com vinte e poucos anos.
Este profissional de vinte e poucos anos, é um garoto assustado, carente, muitas vezes infeliz, frustrado, que busca fazer o que, supostamente, garantirá seu futuro, seu sustento.
Mas, garantirá sua felicidade?
Embora sejam jovens capazes, na grande maioria das vezes, estão, perdidos, mal orientados, sem saber o que realmente querem para sua vida. O que os faz felizes.
Afinal, estes jovens cresceram ouvindo o que tinham para fazer para que conseguissem o emprego x ou y. Eram atividades infinitas que garantiriam o sucesso profissional, quando eles nem sabiam o que isto significava.
Pais, muitas vezes ausentes (fisicamente e/ou emocionalmente), compensavam isso com inúmeros presentes, viagens e passeios. Não sabiam dizer não.
Não queriam passar a imagem de pais chatos. Era melhor ser negligente do que chato.
Crianças mimadas cresceram cercadas de informações e sem terem quem os orientassem sobre o que fazer com elas.

Crianças que cresceram tendo tudo de forma mais fácil.

Crianças que tornaram-se adolescentes intolerantes e irresponsáveis, amparados pela psicologia moderna em que tudo pode, para não gerar grandes traumas.

Adolescentes que podem fazer de tudo, sem ter de respeitar ninguém.

Adolescentes que crescem.

Adolescentes que viram jovens, que viram adultos.

Que vão para o exigente mercado de trabalho.

Mercado de trabalho, este, que exige de adultos infantis, imaturos postura confiante e agressiva.

Mercado de trabalho insensível, que explora a fragilidade dos profissionais, visando retorno próprio, com a desculpa de desenvolvimento profissional e garantindo retorno financeiro, para suprir vazios imensos e lacunas emocionais pré-existentes.

Ótimos profissionais por fora. Seres humanos, muitas vezes, fracos, inseguros e carentes por dentro, que na cegueira da ambição e da suposta e criada realização profissional, e até pessoal, se submetem, na sua ignorância, a participar deste teatro de fantoches.

Eis o lado B desta Geração Y.



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Quer ler algo interessante sobre a Geração Y? Leia o livro: Geração Y - O nascimento de uma nova versão de líderes, de Sidnei Oliveira.


12 de mar. de 2011

Estilo de vida


Um dia estava assistindo um filme. Um romance. Como qualquer outro, senão fosse aquela frase: “nunca deixe alguém dizer que você é a rima, quando você é a poesia”.

Isso já faz alguns anos. E aquela frase continuava registrada em minha memória.

Pode até parecer algo tirado de algum livro comercial de auto-ajuda. Mas, dentro do contexto, aquela frase poderia encerrar o filme.

Naquela fase de minha vida, esta frase caiu como uma bomba. O verdadeiro tapa na cara.

Vi como estava deixando a vida me levar. “Me levar” para qualquer lugar.

Como se tivesse comprado uma passagem sem olhar o destino.

Vi que estava querendo pouco de MINHA vida. E, aquilo, era lamentável.

Afinal, somos muito para querermos pouco. Querer pouco da vida é covardia. E, quando se é covarde, mais cedo ou mais tarde a vida cobra isso de nós.

Precisava deixar meus sentimentos aflorarem livremente, sem medo, e veria como a vida se tornar mais agradável e fácil.

Viver é fácil, a gente que complica. Para que complicar a NOSSA vida, se seremos nós mesmo se que sofreremos as conseqüências desta escolha?

Escolher por ser feliz facilita bastante.

Medo?

Todos temos! Ele que coloca limites, o que é bom. Mas, viver em função dele, provavelmente, nos afasta de incríveis experiências e sensações. E, se bobear, até da felicidade, do amor e da realização pessoal.

A vida é uma só. É a chance de fazer direito. É a chance de ser feliz. Esperar é covardia. Provavelmente, quando se der conta, a sua vez passou... Como dizem: “ser feliz é o caminho, não o destino”.

Viver exige coragem. Coragem para ser feliz. A felicidade só depende de cada um, de força de vontade e do desprendimento ao que já passou.

E foi isso que eu fiz. Parei de deixar a vida me levar. Eu a direcionei. Valorizando-a ao máximo. Definido o que eu queria e, acima de tudo, o que eu não queria.

E foi aí que plantaram uma sementinha... Quem foi o autor de tal façanha? Rubem Alves. Com seu texto “Tênis X Frescobol”:

“Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que os casamentos são de dois tipos: há os casamentos do tipo tênis e há os casamentos do tipo frescobol. Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Os casamentos do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa.

Explico-me. Para começar, uma afirmação de Nietzsche, com a qual concordo inteiramente. Dizia ele: ‘Ao pensar sobre a possibilidade do casamento cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: ‘Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até a sua velhice?\' Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar.’

Xerazade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente, terminam na morte, como no filme O império dos sentidos. Por isso, quando o sexo já estava morto na cama, e o amor não mais se podia dizer através dele, ela o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa conversa, conversa sem fim, que deveria durar mil e uma noites. O sultão se calava e escutava as suas palavras como se fossem música. A música dos sons ou da palavra - é a sexualidade sob a forma da eternidade: é o amor que ressuscita sempre, depois de morrer. Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras. E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: ‘Eu te amo, eu te amo...’ Barthes advertia: ‘Passada a primeira confissão, ‘eu te amo\' não quer dizer mais nada.’ É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética. Recordo a sabedoria de Adélia Prado: ‘Erótica é a alma.’

O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada - palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.

O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra - pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é como ejaculação precoce: um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir, ir e vir... E o que errou pede desculpas; e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos...

A bola: são as nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho pra lá, sonho pra cá...

Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. Camus anotava no seu diário pequenos fragmentos para os livros que pretendia escrever. Um deles, que se encontra nos Primeiros cadernos, é sobre este jogo de tênis:
‘Cena: o marido, a mulher, a galeria. O primeiro tem valor e gosta de brilhar. A segunda guarda silêncio, mas, com pequenas frases secas, destrói todos os propósitos do caro esposo. Desta forma marca constantemente a sua superioridade. O outro domina-se, mas sofre uma humilhação e é assim que nasce o ódio. Exemplo: com um sorriso: ‘Não se faça mais estúpido do que é, meu amigo\'. A galeria torce e sorri pouco à vontade. Ele cora, aproxima-se dela, beija-lhe a mão suspirando: ‘Tens razão, minha querida\'. A situação está salva e o ódio vai aumentando.’

Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão... O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde.

Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem - cresce o amor... Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim...”



Guardei este texto, como se fosse um segredo. O meu segredo.

Guardei para um dia mostrar para alguém especial.

Sabia que este dia chegaria.

Não sabia que seria naquele momento.

Me senti como em um dos mais verdadeiros poemas de

Carlos Drummond de Andrade:

Conselho de um velho apaixonado

“Quando encontrar alguém e esse alguém fizer
seu coração parar de funcionar por alguns segundos,
preste atenção: pode ser a pessoa
mais importante da sua vida.

Se os olhares se cruzarem e, neste momento,
houver o mesmo brilho intenso entre eles,
fique alerta: pode ser a pessoa que você está
esperando desde o dia em que nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo
for apaixonante, e os olhos se encherem
d'água neste momento, perceba:
existe algo mágico entre vocês.

Se o primeiro e o último pensamento do seu dia
for essa pessoa, se a vontade de ficar
juntos chegar a apertar o coração, agradeça:
Algo do céu te mandou
um presente divino: O AMOR.

Se um dia tiverem que pedir perdão um
ao outro por algum motivo e, em troca,
receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos
e os gestos valerem mais que mil palavras,
entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.

Se por algum motivo você estiver triste,
se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa
sofrer o seu sofrimento, chorar as suas
lágrimas e enxugá-las com ternura, que
coisa maravilhosa: você poderá contar
com ela em qualquer momento de sua vida.

Se você conseguir, em pensamento, sentir
o cheiro da pessoa como
se ela estivesse ali do seu lado...

Se você achar a pessoa maravilhosamente linda,
mesmo ela estando de pijamas velhos,
chinelos de dedo e cabelos emaranhados...

Se você não consegue trabalhar direito o dia todo,
ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...

Se você não consegue imaginar, de maneira
nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...

Se você tiver a certeza que vai ver a outra
envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção
que vai continuar sendo louco por ela...

Se você preferir fechar os olhos, antes de ver
a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida.

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes
na vida poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.

Às vezes encontram e, por não prestarem atenção
nesses sinais, deixam o amor passar,
sem deixá-lo acontecer verdadeiramente.

É o livre-arbítrio. Por isso, preste atenção nos sinais.
Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem
cego para a melhor coisa da vida: o AMOR !!!”



É... Era a minha vez...



Afeição.

Afinidade.

Cumplicidade.

Amizade.

Lealdade.

Carinho.

Ligação afetiva.

Sentimentos.

Nada consegue transmitir.

Nada consegue definir.

É impossível.

Mania de querer procurar em dicionário o que só se encontra no coração.

Nada consegue expressar.

Nem a própria palavra.

Até porque seu sentido já foi deturpado, banalizado.

Só quem sentiu sabe o que é.

Sou uma pessoa de sorte.

Não precisei procurar no dicionário.

Eu senti. Eu sinto.

Ela dá outro significado à vida.

Ele traz cor à vida.

O amor.

Meu amor.

Anos de felicidade.

Pessoa especial que me diz diariamente que sou a poesia. Nunca a rima.

Pessoa especial, que diariamente, joga frescobol comigo.

Pessoa que me mostrou que o amor não é, apenas, um sentimento.

É uma filosofia de vida.

E que transformou o romance, de gênero de filme, para, um estilo de vida.

6 de mar. de 2011

O Solista - parte 2

Um outro aspecto que me chamou a atenção no filme foi a relação humana.
Em tempos de relações humanas superficiais, de Big Brother, de relacionamentos abertos, vi ali na tela um exemplo de preocupação com o próximo, que me fez parar para pensar.
Vi, ali, um jornalista, interpretado por Robert Downey Jr., que em busca de uma matéria para o jornal em que trabalhava, acaba por encontrar um sem-teto (Jamie Foxx), ex-estudante de música talentosíssimo, e dali surge uma bela amizade, que muda a vida de ambos.
O título da obra faz com que possamos abrir uma discussão muito boa sobre a palavra. Embora "O Solista" nos remeta à palavra no sentido do músico que tocava sozinho pelas ruas de Los Angeles, vemos também um jornalista solitário, em busca de uma grande matéria. Mas, que, realmente, estava em busca de um significado maior para sua própria existência e que também estava só neste mundo.
Ao se encontrarem cada um, de suas forma, com suas limitações, mostram suas incertezas perante à vida. Seus medos e problemas. Mas, ambos tinham o fundamental: bom coração.
Esta amizade que se estabelece tem na essência a beleza da doação ao próximo, sem esperar do outro nada em troca. “Apenas” o querer bem.
Ali é possível ver a importância da amizade verdadeira, da doação, dos sentimentos bons que uns devem ter pelos outros.
É uma pena que hoje em dia (época em que os valores estão invertidos, em que se prega a suposta “liberdade”, para se justificar a falta de caráter, a falta de princípios e de respeito ao próximo) isso não seja mais a regra e sim a exceção.
Vemos crianças, adolescentes sendo educados pela infame “educação moderna”,  onde pais ausentes “contratam” uma babá eletrônica incompetente, a TV, que prega a cultura descartável, o promiscuidade, a suposta liberdade para se fazer o que se quer sem que se olhe para o lado, sem respeito algum ao seu semelhante.
E, quando estas crianças crescem, tornam-se adultos irresponsáveis, insensíveis e vazios, pois não tiveram plantado em seus corações as sementes do amor, do carinho, da sensibilidade, de um mínimo de respeito ao semelhante e a si próprio.
Quando vemos filmes como estes, devemos refletir sobre o que realmente importa.
Que dinheiro, sucesso, fama, posses, são bons, mas jamais fundamentais para uma vida com valor, respaldada no que importa.
Uma vida digna deve ser pautada no amor, no respeito ao próximo, no querer bem.
E que uma vida sem isso é vazia. Sem sentido.
O que importa é o que possuímos em nossos corações, a nossa essência. E o que fazemos com isso. Como propagamos isso.
Minha esperança é que com o tempo pessoas vazias e egocêntricas deixem a vida inútil e descartável de lado, para olharem um pouquinho para o lado e verem que o que importa é o que cada um tem lá dentro.
Isso é o que fica. Isso é o que importa. Isso que faz a diferença.
A vida deve ser baseada no amor. Amor a si próprio e ao outro.
A vida deve ser baseada no respeito. Respeito a si próprio e ao outro.
A vida deve ser vivida olhando-se para o lado. Ninguém é feliz sozinho.
Doe-se, seja amigo leal, seja especial, faça a diferença neste mundo.
O mundo está carente disso.
Seja feliz. Seja leal aos seus sonhos. Mas, nunca esqueça de quem está ao seu lado, de quem precisa de você. 
Ser feliz "junto" é bem melhor do que ser feliz sozinho. 
Divida com os demais o que você tem de bom. Você receberá o mesmo em troca.  
Todos saem ganhando.
E o mundo ficará bem melhor.
Não seja um solista. Você pode fazer parte de uma orquestra.


O Solista - parte 1


Hoje tive a oportunidade de assistir O Solista, com os talentosos Robert Downey Jr. e Jamie Foxx.
O filme, que estreou em 2009 no Brasil, é baseado em fatos reais, e conta a história de um jornalista que conhece por acaso, um sem-teto que foi estudante da famosa Universidade Julliard e é um prodígio em música clássica, que passa os dias tocando nas ruas de Los Angeles.
Deste encontro, nasce uma linda amizade entre ambos, onde, cada um, da sua forma, consciente ou inconscientemente, ajuda o outro a encontrar seu caminho e se tornar uma pessoa melhor.
Filme maravilhoso, emocionante. E nem poderia ser diferente, com tamanho talento de ambos os atores.
Este filme me fez pensar em várias questões, refletir sobre o que tinha visto e automaticamente trazer para a vida real questões a serem discutidas.
Dentre várias, vou começar a falar sobre o poder da arte.
Fui criada em uma casa diferenciada. Não por questões financeiras, mas, sim, pelo acesso que tive às mais diversas expressões de arte existentes.
Minha mãe foi bailarina, tocava piano e tinha, ou melhor, ainda tem, uma grande facilidade em executar atividades manuais. Meu pai foi músico profissional.
Desde a barriga de minha mãe, até ter alguns anos de vida, vi acompanhei alguns shows de meu pai. O que adorava, não por ele estar no palco, mas porque adorava ouvir a música. Ela mexia comigo, me fazia sentir diferente.
Passei muitos anos de minha vida jantando ao som de algum cantor, cantora, conjunto musical ou alguma música clássica. Isso me fez aprender a ouvir tudo, respeitar qualquer estilo, apurar meus ouvidos e, principalmente, sentir a música.
Quantas vezes ouvíamos alguma música e deixávamos que ela nos contagiasse e, quando percebíamos, já estávamos dançando no meio da sala?
Muitas vezes ouvimos algo que nem conhecemos ou entendemos e nos emocionamos. E isto é a música. Você não precisa entender, você precisa sentir.
Às vezes nos pegamos ouvindo algo que nem conhecemos e quando percebemos estamos emocionados, a ponto de nos arrepiar com o que escutamos. Esse é o poder da música.
Quantas vezes estamos tristes, chateados com algo e ligamos o rádio para nos distrair. Por alguns segundos, a sensação ruim passa, e nos desligamos dos pensamentos para sentir aquele som que penetra nossos ouvidos sem pedir licença.
Quantos tratamentos médicos são feitos ao som de música e comprovadamente pacientes tem sua melhora acelerada graças a ela?
Minha vida sempre teve fundo musical. Minha vida foi privilegiada por isso. Ouvi de tudo, sem preconceitos. Admirei alguns, outros apenas ouvi e não me tocaram. Mas, me permiti (e permito) passar por esta experiência. Vale muito à pena.
Passei por muitas experiências, nas quais a música me ajudou ou me inspirou. Uma delas foi na época de faculdade, na qual havia, na época, intercâmbio com a África. Em minha sala havia uns três estudantes africanos.
Uma das matérias do primeiro ano era educação física. Nela, além de esportes tradicionais, tínhamos aulas diferenciadas, como massagem, música, dança. E foi ali que algo mágico aconteceu.
Estava na aula de dança. Não era uma aula “normal” de dança, com coreografia, mas sim de sentir a música e, a partir da sensação que tivesse, dançar, se expressar como quisesse.
Estava fazendo isso. Sentindo a música. Olhos fechados. Gostava da experiência. Quando depois de um tempo chegou um dos alunos africanos. Sabia que a mistura de África com música daria algum ótimo resultado.
E foi melhor do que esperava. Foi uma das cenas mais lindas que já vi.
Fiquei observando tal aluno. Ele começou dançando normalmente. Aliás, com um ritmo absurdo. Depois de um tempo, ele fechou os olhos e parou de dançar. Percebi que deixou o corpo se movimentar conforme o que ia sentindo. Um lindo espetáculo se iniciava. Junto com aqueles olhos fechados, um belíssimo sorriso apareceu, deixando para trás toda uma história sofrida, cheia de problemas e restrições.
E eu, ali, observando tudo de camarote. Sendo testemunha do poder da música. Quantos milagres ela pode fazer?
Como já tinha aprendido com meus pais, estava atenta e pronta para perceber aquela pintura em movimento diante de meus olhos. Uma das cenas mais emocionantes que já presenciei.
Ouvimos sempre que, as coisas mais importantes da vida, são aquelas que custam menos. E são.
Estar aberto à música, ao seu poder de transformação e superação é uma das lições que aprendi na minha vida.
Você pode deixá-la apenas entrar em sua casa ou carro.
Mas, você pode deixá-la entrar em seu coração.
Faça esta experiência. Feche os olhos e coloque uma boa música. A sua boa música.
Afaste os pensamentos, deixe espaço para ela entrar.
Emocione-se. Sinta-a.
Ouça-a com o coração, não com os ouvidos.
Deixe seus sentimentos, seus instintos e suas emoções despertarem.
Este é o poder da música.

2 de mar. de 2011

O artista


Uma noite como outra qualquer.
Fazendo uso do meu controle remoto. Nada de bom, nada de útil.
Chego a um canal onde uma conversa se iniciava. Era a respeito de uma apresentação, que estava prestes a iniciar.
No palco, um rapaz magro, alto.
Seu nome, John Lennon da Silva.
Assim, como tantos neste país, tinha nome de artista.
Será que apenas o nome?
Estava lá para apresentar um número de dança: A Morte do Cisne.
Sua versão da Morte do Cisne.
Sua belíssima interpretação da Morte do Cisne.
Sua criação, baseada na mistura de estilos distintos.
Mistura sob medida de balé clássico com hip-hop.
Mistura que mostra a criatividade e talento natos.
Com gestos leves e doces, corpo esguio, rosto sereno, este garoto desliza pelo palco seu talento.
Ele não tinha apenas nome de artista.
Ele era um artista, na essência da palavra, de sensibilidade ímpar.
O palco se transforma em um grande espetáculo, do qual não conseguia tirar os olhos.
Via ali, naquele palco, a esperança viva. A concretização dela.
Movimentos coordenados, lindos.
Movimentos que emocionavam.
Um corpo magérrimo, braços longos, rosto juvenil, integravam um imenso talento brilhante.
Mais um brasileiro mostrando que quando se quer, se consegue.
Que quando se sonha, de verdade, se realiza.
Meus olhos foram presenteados com tal desempenho. Com tamanha qualidade de espetáculo.
Meus olhos se encantaram.
Meus olhos encheram-se de lágrimas. Senti um nó na garganta.
Mais um brasileiro que nos orgulha.
Mais um brasileiro que nos dá esperança de dias melhores.
John Lennon da Silva. O artista.
Nosso artista.