4 de jun. de 2011

Democracia para quem e até aonde?



Há algum tempo, tenho questionado o que posso falar, para quem e aonde.

Sim, porque falar não é algo tão fácil assim. Pode ser fácil para quem fala, às vezes. Mas, pode ser muito difícil para quem ouve.

Um exemplo claro de tal situação foi os recentes acontecimentos com o deputado federal Jair Bolsonaro.

Ele é um grande exemplo de que a nossa tão falada e defendida democracia, só existe se você falar e agir como "eles" querem. Como o que está na moda no momento. Ou o que dá mais votos, ou faz com que uma campanha de marketing de uma grande multinacional decole ou o que o quarto ou quinto poder desejam.

Não irei falar aqui sobre a opinião do referido deputado sobre suas alegações acerca da ditadura militar, ou da homossexualidade, cotas raciais, ou da punição para traficante de drogas.

Irei falar apenas sobre o direito de falar, esbarrando em alguns momentos no conteúdo das falas deste político.

Ainda mais quando o direito é usado contra o emissor de sua própria opinião. Que, cá entre nós, poderá estar representando alguma parcela significativa da população. Afinal, se este militar da reserva está na Câmara dos Deputados do Brasil, é porque teve votação suficiente para estar lá. E até onde sei, na democracia, os cidadãos exercem seu poder de tomar decisões políticas, indiretamente, por meio de representantes eleitos.

Ou seja, Bolsonaro chegou lá para ser a voz de uma parcela do povo brasileiro.

Não vou negar, que na minha opinião, ele muitas vezes, exagera e chega a errar no tom, mas tem direito de falar sua opinião. Opinião esta, que alguns repudiam publicamente, mas que compartilham-a dentro de suas residências, ao educar seus filhos, ou até mesmo em alguma sessão de terapia.

A democracia precisa deixar de ser respaldada na mentira e em uma ditadura às avessas, para se tornar uma democracia na essência de seu significado.

Eu, você, nós e o Bolsonaro podemos e devemos expressar nossas opiniões. Ainda mais quando visam manter a ordem, colocar abaixo a baixaria e a falta de bom senso que impera nesta "modernidade".

Porque sabemos que no fundo, bem no fundo, a modernidade é da boca para fora. E que, na consciência das pessoas que sabem distinguiro certo do errado, o bom do ruim, a democracia é respaldada por, no mínimo, um pingo de bom senso, valores e respeito ao que nos foi ensinado.

O sentido da democracia, assim como muitos aspectos da vida moderna, se desvirtuou em função de uma liberdade moderna, vazia e perigosa.

Vivemos uma modernidade perversa e, pasmem, totalmente ditatorial, amparada por uma total inversão de valores e, em muitas vezes, por uma ausência total dos mesmos.

Se você acha que pode falar o que quiser, se prepare. Pois, você não pode.

Fale o que querem que você fale. Fale o que querem ouvir. Aí sim, você fará parte deste grupo seleto, onde a "grande democracia" habita.









======================================================


"Ainda que fujas do campo para a cidade, ou da rua para tua casa, tua consciência vai sempre contigo. De tua casa só podes fugir para teu coração. Porém, para onde fugirás de ti mesmo?" (Santo Agostinho)