24 de fev. de 2011

Bom exemplo, bom trabalho, bom resultado


Uma vocação. Um sonho. Uma paixão.
Olhar para o lado.
Observar as necessidades alheias.
Dedicação.
Trabalho árduo.

Junte tudo isso. Você estará de frente para Ivaldo Bertazzo.

Educador e coreógrafo. Que tem o dom da doação.
Doação ao próximo.
Projetos sociais sem fim.

Preocupação com o ser humano.
Desejo de ensinar o homem a se conhecer, a se descobrir.

Conhecimento adquirido durante muitos anos, amadurecido e pronto para ser difundido.
Pronto para repassar aos carentes de atenção.
Aos carentes de chances de crescer.

Ele olhou para eles. Viu futuro. Um belo futuro.
Estendeu o braço.
Várias mãos retribuíram.
O sonho se concretizou.
Vidas se transformaram.

A música tocou.
Corpos são descobertos.
A música se fez presente em vidas surdas.
Futuro ficou mais colorido.
Repleto de esperanças e possibilidades.

Pessoas comuns se descobrem.
Corpos são educados.
Manifestação da própria individualidade dentro de um grupo com objetivos em comum.

Escola é criada.
Espetáculos são encenados.
Talentos são descobertos.

Fui testemunha de tais fatos.
Fui testemunha de um, dentre tantos espetáculos.
O Corpo Vivo.

Inicialmente, fiquei desconfiada.
Cenário escuro, artistas adentrando o palco aos poucos e se vestindo.

E a festa começa.
Surpresas são seguidas.

Tinha que me atentar para todo o palco.
Movimentos distintos, simultaneamente por todo o palco.
Dezenove corpos movimentam-se em sincronia.
Tipos físicos diversos.

Inserções dramáticas.
Inserções musicais líricas.
Não ofuscam a dança.
Ficam em segundo plano, tamanho talento dos bailarinos.

Corpos, roupas, acessórios variam de acordo com o fundo musical.
Estilos são misturados. Passamos de indiano, para grego, street dance, balé, entre tantos outros, com a mesma rapidez que os artistas se movimentam no palco.

Elenco impecável.
Que consegue nos fazer, de forma intrigante, refletir sobre a importância do corpo em nossas ações.
Mas, de forma lúdica.
De forma poética.

Há um confronto.
Confronto inesperado.
Entre a espécie humana e a evolução de animais.

Movimentos e singularidades de ambos os grupos são apresentados por dança e música.
Personagens entremeiam a apresentação.

Questões são jogas ao ar.
Reflexões são lugar comum.
Reflexões sobre a evolução humana.
Reflexões sobre o desenvolvimento individual.

Teatro fica em silêncio.
Público com olhares fixos.
Público desafiado a sair da condição de espectador para participar da peça.

Salve a Cia. Teatro Dança Ivaldo Bertazzo!
Que conseguiram mesclar as linguagens da dança e teatro.

Salve aqueles jovens bailarinos, de tanto valor e competência!
Grande parte deles formados por mais um projeto social deste coreógrafo!

Mais uma vez me emocionei.
Tive oportunidade de ver grandes talentos sobre um palco com sede de talento.

Talentos que, como tantos por aí, poderiam estar perdidos neste mundo cercado de injustiças.

Talentos individuais descobertos por Bertazzo.
Talentos amadores que são trabalhados e tornam-se profissionais brilhantes.
Fui testemunha que o Método Bertazzo de dança e movimento produz excelentes resultados.

Resultados emocionantes.
Que nos faz acreditar que ainda pode dar certo.
É só querer.

Bom exemplo, bom trabalho, bom resultado.

É só seguir o exemplo.



Serviço:

- Espetáculo Corpo Vivo – Carrossel das Espécies – Teatro de Sesc Belenzinho.

- Escola do Movimento, na Pompéia – SP, onde o coreógrafo oferece o Curso de Formação no Método Bertazzo, para educadores e não profissionais, além de aulas em que as pessoas aprendem a conhecer e viver melhor com seus corpos.

21 de fev. de 2011

Herói da ficção brasileira


Você provavelmente foi obrigado a ler, na época do colégio, o livro do carioca Lima Barreto, “Triste fim de Policarpo Quaresma”. Considerado por alguns entendidos o principal representante do pré-modernismo.

Para quem não se recorda, o romance tem como centro da história o nacionalismo, mas debate também sobre o idealismo.

Uma característica da obra é a ironia, estabelecida a partir de críticas à sociedade e ao positivismo.

Até aí, nada de novo.

Eis que um dia, fico sabendo que tal obra estava sendo encenada no teatro. Pensei, a princípio, que talvez não fosse interessante assistir a tal peça, em virtude de decepções anteriores ao assistir encenações baseadas em obras literárias.

Deixei para lá. Enterrei a vontade em algum lugar.

Até que um dia, uma colega nos convida para assistir tal peça... Aquela vontade não estava bem enterrada. E ressurge com uma curiosidade infinita de tirar a “prova dos nove”. Esta poderia ser diferente e ser extremamente interessante... Por que não?

Nem precisei pensar muito sobre a escolha. E o sim dispara ao encontro do ingresso já em minhas mãos.

Acho que foi uma boa idéia. E como.

A peça foi encenada no Sesc Santana, com adaptação e direção do competente e pouco compreendido Antunes Filho e encenada pelo não menos competente Grupo Macunaíma.

Teatro aconchegante. Fico surpresa com o que vejo. Não conhecia este teatro.

Atores entram em cena. Fico paralisada com tamanha criatividade. Tenho diante de meus olhos uma mistura de comédia de arte, teatro, dança e música. Tudo na medida certa.

Não consigo tirar os olhos do palco. A magia do teatro se faz presente. Salve a arte. A boa arte.

Salve os bons atores. Todos. Cada um de sua forma. Cada um tem seu momento sublime.

Salve Lee Thalor. Que interpreta o major nacionalista. Já tinha lido algo a respeito deste ator e sobre sua atuação nesta peça. Nenhuma fez jus ao que tinha diante de meus olhos.

Estava diante do Policarpo Quaresma. Era ele.

Com seu tom de voz tecnicamente colocado. Com a pronúncia de infindáveis sss, este ator dá um show neste papel. Sinto um alívio em saber que ainda existem atores na essência da palavra.

Quando já achava que tinha visto tudo o que este ator poderia oferecer, me deparo com uma das cenas mais lindas que meus olhos tiveram o prazer de ver: ele sapateando para matar as saúvas que acabavam com a plantação do personagem (algo de metáfora inigualável), ao som do hino nacional.

Ali, meu coração apertou. Me emocionei perante a brilhante idéia de Antunes Filho para a cena e pela concretização desta idéia por esta incrível ator. Só aquela cena, valia a peça toda.

Os 120 minutos passaram com uma rapidez surpreendente. Sinal de que fiquei com os olhos fixados naquele palco maravilhoso, a cada minutinho que se passava.

Saí da peça emocionada. Fazia tempo que isto não acontecia.

Emocionada pela adaptação, pelo talento com que aqueles atores trabalharam, com a modernidade aplicada em uma obra pré-modernista.

Emocionada em ter presenciado o que aconteceu sobre aquele palco. Emocionada em ser testemunha da concretização de uma adaptação de uma grande obra nacional, representada por imensos talentos teatrais.

Emocionada por ver que ainda há esperança. Que existem talentos espalhados e pouco valorizados por aí. Mas, existem.

Emocionada com tamanho talento daquele ator. Eu posso dizer que conheci Policarpo Quaresma naquela noite.

Emocionada por ver um produto nacional de qualidade. De muita qualidade.

Que Deus abençoe todos estes artistas magníficos.

Senti, nesta noite, um amor ao meu país.

Deve ser influência de Policarpo.

20 de fev. de 2011

Grata surpresa


Manhã nublada. Nuvens encobrindo o céu.
Cenário perfeito para uma leitura interessante.

Nada pendente na estante.
Nada que despertasse o desejo de reler.
Necessidade de novidades.

Entro em uma livraria e vejo os expositores com os livros mais vendidos.
Eles não me interessam.
Parto para os cantos das estantes.
Passo os olhos rapidamente, como se não quisesse encontrar algo.

Desacelero e um livro me chama a atenção. Mas, pelo sobrenome registrado no título poderia ser algo relacionado à informática. Não estava com espírito para tal leitura.

Volto a passar os olhos pelas estantes. À procura do nada, pois naquela velocidade via todos e não via nada.

Aquele livro me chama.
Volto e fico encarando-o.
Não custa olhar com mais calma e atenção.

Entrego-me à curiosidade.
Nada relacionado à informática (até porque a personagem central é o pai e não o filho), algo mais como uma biografia.
Poderia ser interessante.
Sem maiores pretensões, resolvo comprar.
Mal sabia que naquela sacolinha que carregava estava uma grata surpresa.


Começo a leitura curiosa por saber se tinha feito uma boa escolha.
Uma introdução como tantas outras, nada de especial.
Mas, ao passar pelas folhas, vou me surpreendendo.
Não conseguia parar de ler, graças, em grande parte à habilidade da escritora e em outra grande parte ao conteúdo, ao o que estava aprendendo nas linhas e, principalmente, nas sublinhas.

Conteúdo para a vida. Lições a serem aprendidas. Experiências dignas de reflexões.

Tentemos esquecer ou, pelo menos, relevar, quem são, a situação em que vivem, assim como as condições financeiras apresentadas. Focando na mensagem do livro, encontramos uma lição de solidariedade, de educação, de respeito ao próximo e do que é família na essência da palavra.

Um incentivo à reflexão sobre o mundo em que vivemos hoje, caracterizado por total inversão de valores, através da qual enterramos nossa ética, moral e cultura.

Um livro que nos mostra que mesmo que tenhamos condições financeiras para termos e fazermos o que quisermos, isto não significa tripudiar sobre os demais seres humanos. Pelo contrário, devemos utilizar todo nosso poder financeiro, intelectual e emocional para ajudarmos o próximo. Sem medos. Totalmente entregues. Despidos de preconceitos e abarrotados de vontade de fazer um mundo melhor.

Pelo menos tentar deixá-lo melhor. É aquele famoso grãozinho de areia no meio do deserto, mas de grão em grão... Algo é feito. Sem ilusões. Com os pés na realidade e com as mãos e o coração trabalhando em busca de um futuro mais humano.

A personagem central mostra a importância de olhar para o lado. Não apenas passar os olhos, como fiz pelas prateleiras da livraria... Olhar para dentro do ser humano e não através dele. Se preocupar com o seu semelhante e, pelo menos, tentar fazer algo para ajudar.

Acredito que o maior objetivo deste livro é nos fazer refletir, visando resgatar o que há de melhor em cada um.

Vale à pena a leitura.

Livro: Desperte para a Vida – Bill Gates Sr. com Mary Ann Mackin


19 de fev. de 2011

Apresentação e boas vindas!

 

Uma vida dedicada aos números, por puro prazer. Uma escolha.

Uma parte da vida dedicada à observação, por pura timidez. Um fato.

Bom humor e certa ironia para disfarçar.

Textos, poesias e pensamentos acumulados acolhidos pelas folhas de papel em branco. Território neutro e vasto.

Memórias registradas.

Opiniões expressas.

Nunca em busca da absoluta verdade. Ela não existe.

Apenas registros de uma simples opinião, sem maiores aspirações.

Reflexões por si próprias.

Pensamentos por inventar e registrar.

Que assim seja!